Djidiu, Herança de ouvido

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Data / Hora
Date(s) - 14/04/2018
18:30 - 20:30

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Fábrica De Alternativas

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Os Djidiu são os cronistas musicais da Guiné-Bissau, trovadores da tradição Africana. Djidiu é palavra de origem mandinga, é um contador de histórias, um recipiente e um difusor da memória colectiva. Intérpretes e clarividentes. Os Djidius são porta-vozes dos sem voz, autênticas bibliotecas ambulantes.

Chama-se Djidiu – Herança de ouvido, e é uma iniciativa em Lisboa para os negros afro-descendentes mostrarem a sua produção literária e partilharem experiência.
O exercício começa com uma reflexão sobre si mesmo, passa-se a experiência para o papel e divulga-se o resultado num pequeno grupo em vez de fechá-lo em si. Em poesia ou em prosa, este é o desafio lançado pelo Djidiu – Herança de ouvido, uma iniciativa da Afrolis – Associação Cultural de afro-descendentes em Lisboa.

Djidiu – A Herança do Ouvido

Um grupo de poetas africanos radicados em Lisboa partilha com a audiência os seus textos, as suas reflexões, as suas emoções. Um clima emocionante e comovente.

Um conjunto notável de jovens autores que escrevem sobre temas de grande importância como a identidade, o racismo, a consciência negra, os padrões de beleza, a educação, a família, o amor, a apropriação cultural e tantos outros.

Poemas como Minha Pele de Carlos Graça ou Amigalhaços de Cristina Carlos refletem sobre o que é ser negro numa sociedade estruturalmente racista como a portuguesa – “Ri bem alto como só vocês sabem fazer. / Ri quando te chamo macaca! / Ri quando te
chamo estúpida! / Se queres pertencer, ri!”.

Apolo de Carvalho é um dos casos mais sérios deste movimento. As suas poesias quer em português quer em Língua Cabo-verdiana são belos e comoventes hinos à unidade e de esperança numa pujante renascença dos povos africanos.

Uma das poesias mais comoventes é sem dúvida a de Cristina Carlos
“Outra Educação” de que aqui deixo um excerto:
“A quem me posso queixar? / Se não sou caso de estudo, não existo!
Volto para o recreio a brincar ao que não quero – Não conto!
Não quero ser o macaco Adriano, pai!
Porque não posso ser a princesa, mãe?
Não ligues filha! Estuda! Quando fores doutora ninguém goza contigo!
Fala português filha! Nem os angolanos da banda falam kimbundo.
Professor, ele chamou-me nomes! Porque te cansas Maria?
Pra empregada doméstica não precisas de mais …

Foste tu que escreveste isto?!! – Preto não escreve assim! Prova que não copiaste! Prova que consegues!
Repete! Faz oral! / Pronto toma menos dois pontos!
E Eu /TU sempre a sorrir! / E Eu /TU sem se queixar porque afinal de contas… / Em Portugal não há e nunca houve racismo.
E o que dizer se aprendi tão bem o “S” do silêncio …”

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