Data / Hora
Date(s) - 24/03/2025
19:00 - 23:45
Localização
FÁBRICA DE ALTERNATIVAS
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Apresentamos uma exposição do espólio artístico de 2 bailarinas de danças flamencas, sevilhanas e clássico espanhol consagradas no Século XX.
Maria Amélia Lebre Fernandez Rodríguez Nasceu em Viseu em 1903. Desde cedo que adoptou o nome de “Miquinhas”, nome que veio da infância. No início dos anos 1920 apaixonou-se por Francisco Fernandez Rodríguez, um cigano de origem andaluz, bailarino de danças flamencas. Miquinhas deixou tudo para trás para seguir as suas duas grandes paixões: Paco e as danças! Como bailarinos de danças espanholas. Criaram uma dupla de nome “Maruja e Mexican” que ficou famosa no mundo inteiro! Começaram em 1925 em Buenos Aires. Sucedeu-se uma longa turné de 15 anos com centenas de exibições por toda a Europa, Norte de África e Oriente, actuando nas melhores salas e casinos da época! Em 1939, o início da 2ª Guerra Mundial obriga-os a voltar para Portugal, um país seguro. De 1940 a 1942, fazem várias apresentações em Lisboa, e nos Casinos da Praia da Rocha e da Póvoa de Varzim entre outros. Miquinhas deixou de dançar, mas continuou a viver a vida de forma intensa e apaixonada até ao fim dos seus dias. Mulher excêntrica, extravagante e boémia. Faleceu em Lisboa em Fevereiro de 1991 com 87 anos.
Isabel Cid, sobrinha-neta de Miquinhas acaba por herdar todo o seu espólio artístico parte do qual é apresentado nesta exposição que vê agora a luz do dia, ao fim de mais de 80 anos guardado em caixas, malas e baús.
Ana Moscosos Cordero, Anita Triana nome artístico, nasceu nas Cabezas de S. Juan, a 50 km de Sevilha no ano de 1931. A infância é marcada pela guerra civil espanhola, perdendo a mãe aos 5 anos, fuzilada por melícias pró-franquistas, tendo ficado ao cuidado dos avós maternos, pois, também o pai foi obrigado a fugir para escapar à morte. Teve que trabalhar desde tenra idade para ajudar a família a sobreviver. Contudo, a dança foi uma paixão que foi acabou por levá-la, para Madrid, onde teve formação em dança de Clássico espanhol. Inicia-se fazendo parte do corpo de baile em diversas companhias de teatro mas, a sua arte rapidamente se destaca começando uma carreira a solo, tendo participado em dobragem de estrelas do flamenco como Lola Flores, em filmes da década de 1950. Nessa altura inicia uma série de espetáculos no estrangeiro começando pelo norte de África e Portugal. Numa dessas turnés, conhece o Augusto Silva, jovem estudante de arquitetura, pelo qual se apaixona, mas acaba por regressar a Madrid. A distância, no entanto, não inibe o jovem de cruzar a fronteira a salto para ir ao seu encontro. A paixão entre os dois vence o amor pela dança e Anita Triana põe fim a uma carreira em ascensão, para vir viver para Portugal, abdicando da carreira e do seu país. Contudo, o amor pela dança mantém-se em surdina dentro de si até ao final dos seus dias. Ana Moscosos foi uma presença assídua no 2º espaço da Fábrica de Alternativas (2016 e 2019) e muitos recordam com saudade o brilho da sua pequena participação da “Noite Espanhola” em 2018. Faleceu em Lisboa em Dezembro de 2024 com 93 anos.
A associada Fátima Silva, filha de, Anita Triana, tem o gosto de partilhar alguns objectos e fotografias do seu pequeno espólio artístico que nunca antes tinha sido mostrado. Como homenagem à sua mãe, à cultura espanhola e às suas próprias raízes