Aulas de Tango Argentino

Segundas-feiras das 19:00 às 20:30 horas

XIX. Um dos significados mais antigos de tango é o de “um lugar onde pessoas de cor negra se encontram para dançar”, o que dá conta das origens étnicas desta dança. Os ritmos trazidos para Buenos Aires, primeiro pelos escravos africanos como o cadombe, e mais tarde pelos negros cubanos, como a habanera, misturaram-se com os sons da polka e da mazurka levados pelos emigrantes europeus, resultando naquela altura na milonga, que é um termo que hoje designa tanto uma espécie de tango como uma dança de salão. O tango nasceu assim nos bordéis ao som de bandas improvisadas com guitarras, violino e flauta. Mais tarde foi introduzido o bandoneón, uma versão maior do acordeão trazida pelos primeiros emigrantes alemães, que se tornou o instrumento principal que caracteriza o som do tango.
No início do século XX, os filhos das famílias abastadas aprenderam a dançar o tango nos bordéis dos barrios de Buenos Aires e introduziram-no no estrangeiro no seio da melhor sociedade europeia e americana, o que causou escândalo em 1913, mas que depressa se espalhou, como uma espécie de epidemia febril por todo o Mundo. Na cidade de Buenos Aires dos anos 20, músicos de formação clássica como Júlio de Caro, que formou um dos primeiros sextetos, levaram o tango para formas de expressão mais subtis e complexas, enquanto que o tango canción começou a desenhar-se como uma forma de subcultura. Carlos Gardel, o maior de todos os cantores de tango, tornou-se o símbolo da própria canção, adorado por todo o povo. Os anos 30 foram palco das grandes bandas que adaptaram a orquestra aos sons do tango, como foi o caso de Juan D’Arienzo e Aníbal Troilo. Nos anos posteriores à Segunda Guerra Mundial o tango sofreu com as vicissitudes das várias crises políticas e com o isolamento do governo peronista, marcado pela prisão de muitos músicos pela sua oposição ao poder. Nos anos 60 e 70, o tango conseguiu sobreviver à ditadura militar, que impedia reuniões de mais de três pessoas, e ao rock n` roll, que se sobrepôs a qualquer outra música popular. Nos anos 80, o tango subiu aos palcos, numa versão teatralizada, pela influência de grandes professores como António Todaro e Pepito Avellaneda. Mais recentemente, surgiu o debate sobre o que é o tango verdadeiro, sobretudo com o surgimento do tango moderno interpretado por Astor Piazolla. O tango é uma forma de arte viva que tem Buenos Aires como o epicentro de um fenómeno que não perdeu o seu carácter popular e o seu objetivo visceral da união mística de dois corpos que dançam num só.


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Responsável: Jorge Almeida