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FIB – Felicidade Interna Bruta

FIB – Felicidade Interna Bruta por João Pestana

Qual a verdadeira necessidade, que parece ser a mais lógica, para a vida de uma qualquer espécie, neste caso do homem? Ter uma vida calma, sustentável, longa, mas também ser feliz. Sendo assim parece que quem assume a liderança dos estados deveria criar as condições para que esses objectivos pudessem ser atingidos portodos os cidadãos.

Nas sociedades modernas e capitalistas concluiu-se que a para o realizar o mais importante é o dinheiro, a riqueza. A argumentação é a de que criando riqueza para o país mais facilmente se poderiam criar as condições, com escolas, hospitais, serviços e outras obras, potenciando o bem-estar e a cultura. Vivemos, por isso, cada vez mais, numa sociedade em que o crescimento económico é visto como a solução milagrosa para todos os problemas e onde, perante a persistência desses problemas em continuarem a existir, se exige ainda mais crescimento e se afirma mesmo que este deve ser eterno. Um país só está bem quando cresce, ano após ano, indefinidamente.

Se o discurso até poderia fazer sentido, na verdade a realidade é bem diferente. Este tipo de política económica acaba por transformar o homem numa ferramenta ao serviço da produção deriqueza e, como o foco está na riqueza, este pode ser descartado sempre que necessário. O objectivo é servir os interesses de alguns à custa das populações, distorcendo toda a lógica que deveria existir no sistema. A riqueza não é criada para servir o homem, pelo contrário o homem é utilizado para criar riqueza. O valor do dinheiro sobrepõe-se ao valor da

vida humana. A isto podemos ainda acrescentar a utilização sem controlo a que é sujeito o nosso planeta, poluindo, destruindo a natureza e colocando em risco a própria existência da vida, a nossa e a de todos outros seres vivos. Poder-se-ia ainda acrescentar as guerras pelas matérias-primas, os massacres, a miséria, a fome, etc..

Infelizmente este discurso faz escola nas sociedades modernas e o PIB (Produto Interno Bruto) é o indicador que mostra a riqueza de cada país e é utilizado para escravizar os povos e para lhes exigir cada vez mais sacrifícios, ou seja, a infelicidade.

Em 1972, o Rei do Butão, JigmeSingyeWangchuck, em resposta às críticas de o seu país ter um crescimento do PIB demasiadamente baixo criou uma nova forma de analisar o estado do país; O FIB, a Felicidade Interna Bruta (Gross National Happiness – GNH).

Assim o objectivo do modelo de desenvolvimentos deixou de ser o simples crescimento económico, mas sim de uma sociedade mais humana em que o desenvolvimento espiritual e material devem coexistir em simultâneo, complementando-se e reforçando-se mutuamente, sendo o FIB avaliado segundo os seguintes parâmetros:

Promoção do desenvolvimento educativo para a inclusão social
Preservação e promoção dos valores culturais
Resiliência ecológica na base do desenvolvimento sustentável
Estabelecimento da boa governança
Preservação dos valores capazes de garantirem a vitalidade comunitária
Saúde na garantia da vida
Desenvolvimento sustentável para a inclusão e potencialização do padrão de vida
Diminuição da jornada de trabalho na promoção do tempo livre e do lazer
Estimulo à participação em actividades desportivas
Igualdade entre géneros e liberdade de pensamento

Assim, promovendo o desenvolvimento da vida em todas as suas vertentes, económica, social, e cultural, respeitando as diferenças, é possível criar uma sociedade que tenha como objectivo a felicidade de todos.

Talvez esteja na altura de também nós mudarmos os paradigmas criados nas nossas sociedades, ditas evoluídas, e os discursos economicistas para prestarmos um pouco mais de atenção à vida e às razões que estão na sua essência. Talvez esteja na altura de escolhermos a felicidade como a nossa “moeda.”

“Os homens perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem o dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro esquecem do presente de forma que acabam por não viver nem no presente nem no futuro. E vivem como se nunca fossem morrer…e morrem como se nunca tivessem vivido. “ Dalai Lama